
A Polícia Judiciária (PJ) deteve, esta quarta-feira, duas funcionárias administrativas da Unidade de Saúde Familiar (USF) Laços, em Cortegaça, suspeitas de estarem envolvidas na inscrição fraudulenta de milhares de imigrantes no Sistema Nacional de Saúde (SNS).
As mulheres, de 40 e 54 anos, são agora acusadas de crimes de corrupção passiva, associação de auxílio à imigração ilegal e falsidade informática.
As suspeitas introduziam no sistema os dados dos imigrantes, que lhes chegavam por e-mail ou via WhatsApp, e assim eles conseguiam ter acesso ao número de utente que abre a porta desde logo ao Serviço Nacional de Saúde.
Além disso, conseguem, ainda, ter acesso ao cartão europeu de saúde que lhes permitia ter assistência médica em vários países da Europa. Em cerca de um ano e meio, inseriram no SNS mais de 10.000 imigrantes, 500 migrantes deram a mesma morada, a rua do Benformoso, em Lisboa.
A organização pagava depois a estas duas funcionárias, que nunca lidaram diretamente com os imigrantes nem recebiam dinheiro diretamente dessas pessoas. Recebiam, sim, devido ao utente que era inserido.
A operação, designada “Gambérria”, resulta de uma investigação da Direção do Centro da PJ, que já levou à detenção de 16 pessoas e à constituição de 26 arguidos, incluindo sete empresários, uma advogada e uma funcionária da Direção-Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Em comunicado, a PJ esclareceu que a atribuição indevida de um Número Nacional de Utente (NNU) representa um passo significativo no processo de legalização dos imigrantes e na garantia de acesso ao SNS.
Durante as buscas realizadas, foram apreendidas diversas provas, incluindo documentação relacionada com os processos de inscrição ilegais. A PJ destaca que, para além das buscas na USF de Laços, foram também realizadas duas buscas domiciliárias.
As detenções foram efetuadas ao abrigo de mandados de detenção emitidos pelo DIAP Regional de Coimbra. As duas suspeitas serão posteriormente apresentadas no Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC) para a aplicação das respetivas medidas de coação.




