Opinião

Alma Ovarense! – Ricardo Alves Lopes

Despedi-me há pouco tempo, mas hoje tinha que voltar. Cá, pela nossa terra, Ovar, dois dos sítios para onde mais escrevi foi para aqui e para a página da nossa Ovarense Basquetebol, portanto, hoje, depois de na semana passada para lá ter escrito um texto, decidi baralhar os dois mundos, que se baralham facilmente por si. Ovar sente a terra, as suas emoções, e os seus clubes.

Esta quarta-feira, a nossa Ovarense pode fazer história. Para os muitos que não acompanham o basquete, poderá parecer ilusório falar-se em história, quando já vencemos tanto e agora só vamos disputar um quinto jogo duma meia-final, mas a verdade é que, independentemente do resultado, estes rapazes e estas pessoas todas que fazem o clube estão a fazer história. O nosso orçamento não permite, quem sabe, pagar três dos jogadores do cinco inicial da equipa adversária, quanto mais combater de frente com eles.

Mas a verdade é que estamos a combater, dantescos, como guerreiros. E eles não estão a lutar pela força dos seus braços, ou somente pela destreza dos seus lançamentos, estão a lutar por uma convicção, um sonho. E, porra, isso é tão bonito!

Sonharam juntos que era possível, ainda antes de nós adeptos sabermos, e lá estavam eles, em plena Lisboa, sem ninguém ligar muito, enquanto esperávamos pelos resultados do futebol, a fazerem história, a honrarem o nosso símbolo. Isto é tão mágico! E agora, às 21h00 desta quarta-feira, amparados pelos autocarros que já se perfilam para seguirem viagem, vão continuar a fazer história – ganhem ou não. Todos queremos que ganhem, claro, porque aqui não há o clube do nosso coração, o que nos faz ir ao estádio, aqui ao clube da nossa terra, a bater-se com pauzinhos numa luta de espadas. Isto é que nos deve orgulhar.

Contudo, não pensem que termina por aqui, as nossas meninas, as que jogam a liga feminina, estão a uma vitória da final! Já imaginaram o que é isto? Um clube que foi todo reestruturado, que perdeu grandes patrocínios e teve que se reinventar depois da aquisição dum pavilhão novo, não pensou em ser campeão no ano seguir, como muitos outros que depois acabaram, pensou que o caminho era continuar a ser histórico estando lá, a lutar para não desparecer duma liga onde é um dos clubes que está há mais tempo, senão o que está há mais tempo. Isto não nos pode orgulhar, independentemente dos resultados que faltem até ao fim da época?

Podia ter escrito este texto para a página da Ovarense, mas acho que ele merecia ser escrito para aqui. A boa gestão da marca Ovarense, a forma como as pessoas encheram o pavilhão no fim de semana passado e a emoção com que estou a sentir tudo isto fez com que eu o quisesse partilhar com a cidade e não apenas com o clube. Somos todos ovarenses, independentemente do nosso clube de futebol.

Os de Ovar são vareiros e ovarenses. Alguns até poderão ficar neutros, mas nenhum ficará, certamente, indiferente à onda negra que está a preencher o basquete. Homens e mulheres a lutarem pela final, com armas orçamentais tão limitadas! Isto é boa gestão! De números e de pessoas, porque são as pessoas que movem o mundo e o nosso está em andamento. Força, Ovarense!

Ricardo Alves Lopes (Ral)
www.ricardoalopes.com
http://tempestadideias.wordpress.com

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