Verão não é sinónimo de escaldão! – Por Alexandra Ramos Rodrigues
Hoje celebramos o solstício de verão e, consequentemente, o início desta estação. O dia de hoje é o mais longo do ano no hemisfério norte, com mais tempo de luz solar, sendo uma ótima oportunidade para relembrarmos os cuidados a ter (não só) durante os próximos meses.
É sabido que a incidência de cancro de pele tem sido crescente, afetando principalmente pessoas com mais de 50 anos e/ou com exposição prolongada ao sol. De salientar, entre outros fatores de risco para o seu desenvolvimento: o tom de pele claro, o histórico de escaldões prévios, os antecedentes familiares de cancro de pele e a presença de mais de 50 sinais no corpo. Ora, entre estes mencionados, gostaria de destacar aquele que podemos modificar: os escaldões.
Para nos protegermos da radiação UV devemos evitar exposição solar entre as 12 e as 16 horas (mesmo em dias frios ou com nevoeiro), evitar solários e lâmpadas ultravioletas e utilizar sempre proteção solar. Esta deve ser idealmente de largo espetro (para proteger contra os raios UVB e UVA) com um fator de proteção solar (FPS) de pelo menos 30, aplicada 15 a 30 minutos antes da exposição solar e reaplicada de 2 em 2 horas ou após contacto com a água.
Mas o que significa este ‘’fator de proteção solar 30”? Cada pele é capaz de se proteger do sol sem ficar vermelha (‘’queimada’’) durante um intervalo de tempo, que normalmente vai de 5 a 30 minutos, dependendo das suas caraterísticas (normalmente, a pele mais clara fica avermelhada mais rapidamente). Através da utilização de um protetor solar, este tempo será multiplicado pelo seu fator de proteção, ficando a pele protegida durante todo esse período. Vejamos um exemplo: se a sua pele sem protetor demora 5 minutos até começar a ficar vermelha, com a utilização de um protetor solar com FPS de 30, vai multiplicar esses 5 minutos por 30, passando a ter disponíveis 150 minutos de exposição solar sem causar danos à sua pele. Assim, quanto maior o fator de proteção, mais tempo pode estar exposto aos raios UV sem ficar com a pele queimada. Portanto, por exemplo, o FPS de 30 é igualmente eficaz ao de 50, mas durante menos tempo.
Apesar de todos estes cuidados, é necessário estarmos atentos à nossa pele, ao surgimento
de novos sinais ou à evolução de pré-existentes. Nesta sequência, um auto-exame regular e detalhado de toda a superfície corporal é importante. Devemos prestar especial atenção aos sinais
assimétricos, com bordos irregulares, com várias cores, maiores que meio centímetro e àqueles que têm aumentado de tamanho ou alterado as suas caraterísticas com o tempo. Estes são chamados os ‘’patinhos feios’’ que nos saltam à vista por serem diferentes dos restantes. Em caso de dúvida ou suspeita de lesão com caraterísticas semelhantes às descritas, deve procurar o seu médico.
Este verão adote medidas preventivas e aproveite o sol com moderação, para evitar mais
um escaldão!
Bibliografia:
Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo. Nevo ou melanoma? Disponível em:
https://www.apcancrocutaneo.pt/images/flyers/2020/08.f_metodoABCDE.pdf
Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo. Como prevenir, o que procurar e sinais de melanoma.
Disponível em: https://www.apcancrocutaneo.pt/
Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia. Cuidados com a pele. Disponível em:
https://www.spdv.pt/_cuidados_com_a_pele
Alexandra Ramos Rodrigues
Médica Interna de Formação Específica em Medicina Geral e Familiar
USF João Semana, Ovar