Opinião

De Aveiro a Coimbra… os faróis da liberdade – Por Pedro Nuno Marques

Aqui e ali, já se vislumbrava um quinhão de sinais de que algo de libertino se aproximava. O Congresso da Oposição Democrática de Aveiro, em 1968, e a Crise Académica de Coimbra, um ano depois, catapultaram para a opinião pública nacional, e não só, de que era tempo de dizer… “Chega!”. A ditadura jazia e cheirava pior do que nunca. Nauseava abruptamente. A brigada do reumático insistia em cortar as asas à juventude e por aí adiante. Em Aveiro, parte dos cérebros abrilinos de 1974 demonstravam, em 1968, não ter receio algum, mesmo após uma carga policial cobarde e feroz, só porque sim. A resistência de quem por lá andou imperou e o rastilho para a democracia acendia-se definitivamente. Um ano depois, veio Coimbra e a Crise Académica. O luto universitário e uma Coimbra transformada em Saigão de tempos idos eram abafadas pelo estado maior do governo da “outra senhora”. Tiveram azar: a Académica jogou a final da Taça de Portugal desse ano (ante o Benfica de Eusébio) e os adeptos da Briosa levaram ao estádio do Jamor a maior manifestação anti-regime, em mais de quatro décadas. Quer em Aveiro, quer em Coimbra, sentiu-se no ar a boa-nova abrilina. Pouco importa se as batalhas foram arruinadas pelos escroques que teimavam em oprimir. Certo, certo, e por muito que custasse aos bobos reaccionários (sim, com dos “cês”), os faróis da liberdade estavam acesos, motivando a queda da 2ª República poucos anos mais tarde.

Da região Centro do país, saíram dois capítulos ímpares que a nossa democracia saúda e aplaude, apesar de serem praticamente esquecidos nas páginas de glória da nossa liberdade e perante o espumar de raiva dos do costume, aqueles do “Salazar faz muita falta!” ou do “Salazar, volta que estás perdoado!”. Eles sabem lá, os lacaios da frustração e inveja.

Pedro Nuno Marques

 

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