
Na ressaca de mais uma triste notícia, não posso deixar de recordar aquele dia, no Festival Dunas de São Jacinto, em que estava alguém muito alto ao meu lado. Olho melhor e quem era?… o bom do Andrew Fletcher. Nem queria acreditar. Meti conversa, nervosamente, disse-lhe o quanto admirava e seguia a carreira dos Depeche Mode, e outras cenas de que não me lembro agora e, pouco depois, ele foi fazer o seu DJ Set.
A meio, simpático e sorridente, chamou a minha irmã e ofereceu-lhe o 12″ de “Policy of Truth” que tinha acabado de tocar, autografado por si. Um episódio que jamais esquecerei.
Fui muito feliz nessa noite, fui muito feliz muitas vezes a ouvir, a cantar e a até a dançar Depeche Mode. Em singles, LPs, k7’s, CD’s, streaming, ao vivo por duas vezes. E tenciono continuar a sê-lo.
Sabendo que o Andrew Fletcher, que um dia encontrei em São Jacinto, foi o mago que impregnou com o seu carácter inventivo muitas canções que fazem a banda sonora da nossa vida.
O Andrew Fletcher era uma estrela de primeira linha do universo musical popular e estava ali anónimo até eu o reconhecer. Foi de uma simplicidade desarmante que me marcou e surpreendeu.
Um herói da Pop não é suposto morrer, mas a verdade é que o fundador de uma das mais importantes bandas Pop de sempre morreu. A melhor forma de homenagear a arte de quem nos marcou a vida é continuar a deixar que a sua arte viva connosco.
Luís Ventura (Director)