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As fotos que nunca viu do louco “Carnaval Sujo” dos anos 50 

Ainda hoje é lembrado o ‘Carnaval Sujo’ dos loucos anos 1950, quando os vareiros saíam para a rua numa espécie de batalha campal em que atiravam farinha e lama (e outras coisas) uns aos outras – a maioria das vezes divertindo-se muito com isso, mas outras também se chateando a sério.
É nesse “carnaval ancestral”, aliás, que tem origem o uso em Ovar do traje de Dominó, constituído por uma capa preta comprida com capuz, que pode ser decorada por algumas aplicações têxteis coloridas e é tendencialmente rematada com uma máscara inexpressiva que dificulte a identificação do utilizador.
“O Carnaval dessa época tinha um espírito mais transgressivo, mais misterioso e primário”, refere o realizador José Miguel Moreira, que retratou essa vertente mais genuína e pura da folia na curta-metragem premiada, “Carnaval Sujo“.
Os mascarados aproveitavam o seu anonimato para cometerem delitos, uns mais graves do que outros e o Carnaval nos anos 1950 passou por um período difícil em que muitos questionaram a sua viabilidade.

Guilherme Terra, um dos autores do livro “Carnaval de Ovar”, de 2019, concretiza que “o Carnaval “Sujo” terá tido dois períodos de existência: entre 1950(?) e 1956 (coexistindo com o desfile organizado de 52 a 56); e, mais tarde, num regresso fugaz, entre 1963 e 1964“.

Quanto ao Dominó, defende que “são de 1895 as primeiras referências à utilização do Dominó em Ovar, nomeadamente, na “Folha de Ovar”, onde se publicita: “a «Loja do Povo» á Praça, aonde encontrarão máscaras de todos os feitios e para todas as bolsas; e não só isso: bisnagas, dominós, polvilhos, borrachas (seringas)“.

Na verdade, e sem o saber, o Carnaval de Ovar estava em linha com um fenómeno que percorria a Europa. Em Veneza, por exemplo, aconteceu o mesmo e as máscaras chegaram a ser proibidas.
Este “Carnaval Sujo” passou por momentos de exagero, que apenas eram permitidos entre dois toques, que soavam do alto do quartel  pela sirene dos bombeiros ovarenses.
O centro da vila de Ovar transformava-se então num campo de batalha onde quase tudo era permitido.
Todavia, a maioria dos vareiros não se revia nesta “guerra” e o “Carnaval Sujo” terminou, dando lugar ao cortejo mais organizado com direito a Rei e Rainha de Carnaval (que inicialmente era um homem vestido de mulher), em que os ovarenses escolhem uma pessoa que se destaca socialmente na comunidade ovarense.

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