
José Fernando Mendes, professor catedrático no Departamento de Física da Universidade de Aveiro (UA) e diretor do i3N/Aveiro – Instituto de Nanoestruturas, Nanomodelação e Nanofabricação, foi nomeado membro da European Academy of Sciences (EurASc), uma das principais academias científicas europeias.
Esta nomeação reconhece a “vitalidade científica” do seu trabalho e do impacto que o seu grupo de investigação tem no panorama internacional na área da física de sistemas complexos.
A EurASc promove, no campo da Física, a investigação interdisciplinar, apoia políticas de ciência e tecnologia e distingue contribuições científicas de grande impacto. Colabora também com outras entidades europeias para aconselhar sobre políticas de investigação e desenvolvimento, o que lhe confere uma influência significativa na definição de prioridades científicas e tecnológicas no espaço europeu.
Assim, para o investigador, este é “um enorme privilégio e uma responsabilidade acrescida”, mas também um “reconhecimento coletivo” dos seus pares. Embora o título de membro ou fellow da EurASc tenha sido atribuído a nível individual, José Fernando Mendes considera que ele reflete “o contributo constante” de colaboradores, colegas e estudantes, “os quais partilham comigo o entusiasmo pela ciência e pela descoberta”, afirma.
“Este reconhecimento é, portanto, tanto deles como meu”, reforça. Entre esses colegas, o docente recorda “com particular emoção” um colega e amigo falecido em 2018 (Alexander Samukhin), “cuja dedicação e talento continuam a inspirar o nosso trabalho”. E realça também “o ambiente excecional” que tem no Departamento de Física e na UA, “instituições que me proporcionam as condições ideais para desenvolver investigação de qualidade internacional”, frisa.
Esta eleição é um processo seletivo e baseia-se na nomeação e apoio por membros da EurASc, seguida de uma avaliação pelo seu Conselho Geral. No caso de José Fernando Mendes, a nomeação foi proposta por colegas da comunidade científica e aprovada pela direção da EurASc.
Uma vida dedicada à ciência
José Fernando Mendes obteve o seu doutoramento (1995) e agregação (2002) em Física pela Universidade do Porto, onde iniciou a sua carreira académica antes de ingressar na
UA, em 2002. Aqui foi vice-Reitor para a Investigação (2010-2018), diretor do Departamento de Física (2004-2010) e é atualmente diretor do i3N/Aveiro – Instituto de Nanoestruturas, Nanomodelação e Nanofabricação.
A sua liderança estende-se a nível internacional, tendo sido vice-presidente e tesoureiro do Consórcio Europeu de Universidades Inovadoras (ECIU) e membro do Conselho do Laboratório Ibérico de Nanotecnologia (INL), entre vários outros cargos científicos e administrativos.
Foi presidente da Complex Systems Society (2021–2024) e fez parte de diversos conselhos editoriais, incluindo Scientific Reports, Complexity, Chaos, Solitons & Fractals, Entropy e Journal of Complex Networks. É editor-chefe da secção Complexity da Entropy e revisor do Conselho Europeu de Investigação (ERC) e do Comité do Prémio IBM.
Publicou mais de 165 artigos em revistas internacionais de referência — incluindo Nature Physics, Reviews of Modern Physics, Advances in Physics e Physical Review Letters.
O seu trabalho recebeu mais de 25.000 citações (índice h=54) e é autor de vários livros altamente influentes, como Evolution of Networks: From Biological Nets to the Internet and WWW (Oxford University Press, 2003; 2ª edição, 2013), Weak Multiplex Percolation (Cambridge University Press, 2021) e The Nature of Complex Networks (Oxford University Press, 2022).
Orientou vários estudantes de doutoramento e investigadores de pós-doutoramento, muitos dos quais ganharam prémios nacionais e internacionais.
Os seus contributos científicos foram reconhecidos com inúmeras distinções, entre as quais o Prémio Gulbenkian de
Ciência (2004), o Prémio Sénior da Complex Systems Society (2020), nomeações como fellow da Academia Europaea (2012), da American Physical Society (2020) e da Network Science Society (2019), entre outras.
Através do seu trabalho, José Fernando Mendes ajudou a moldar a compreensão moderna das redes complexas — desde os sistemas biológicos às infraestruturas sociais e
tecnológicas — e continua a desempenhar um papel central no avanço da ciência da complexidade em todo o mundo.