
Após leitura atenta do artigo publicado na imprensa acerca da situação vivida na Santa Casa Misericórdia Ovar, onde foi apresentada a disfunção / descoordenação das diversas entidades envolvidas no tratamento e acompanhamento de doentes COVID, não posso deixar de esclarecer um aspecto não corresponde à verdade.
Refere a entrevista do Sr Provedor o seguinte:
“A segunda agravante é a indisponibilidade das famílias para receberem os seus próprios idosos: “Logo depois dos primeiros testes, contactámos os familiares de uns 80 idosos cujos resultados deram negativo e, mesmo sabendo que eles não estavam infetados, só umas três pessoas estiveram dispostas a recebê-los em casa”.
Álvaro Silva acredita que algumas das famílias contactadas não terão efetivamente condições para acolher os seus seniores, mas defende que, na maioria dos casos, a resposta negativa “é só mesmo para delegar responsabilidades nos outros – o que é mais uma coisa muito triste que se vai ter que avaliar bem no futuro”
Fazendo uma cronologia dos acontecimentos, e que dizem respeito a meus familiares, esclareço:
A) Da entidade referida, foram feitas 3 comunicações à familia (antes de declarado o 1º utente infetado) que foram: o primeiro a informar da restrição de visitas; o segundo a aconselhar a não saída de utentes e o terceiro a informar da proibição de entrada na residência de qualquer objeto proveniente do exterior.
B) Após o conhecimento do 1º infetado na instituição, (conhecimento esse que não foi comunicado pela mesma), nunca foi participado à familia da situação ocorrida, nem tão pouco qualquer plano de contingência face à nova realidade foi informado. (Bem diferente do que aconteceu recentemente no Lar de S. Tomé, cujas participações a familias foram feitas logo após conhecimento da situação!)
C) Não houve portanto nem informação das medidas adotadas/ a adotar pela instituição, ou de quaisquer iniciativas tomadas em articulação com as entidades competentes, após a identificação de casos positivos na mesma.
D) Nunca foi solicitada pela instituição qualquer participação/ envolvimento/ colaboração da familia, no sentido de se minimizar os efeitos da pandemia.
E) Nunca a família delegou responsabilidades à entidade que não fizessem parte das suas competências, pelo contrário, verifica-se até em algumas situações que a entidade decide por si e atua, muitas vezes não dando conhecimento às familias, sabendo estas por outros meios, que prova a incomunicabilidade da instituição.
F) O recorrer ao apoio da instituição não significa, em todos os casos, como as suas palavras querem fazer transparecer, o abandono, a entrega, o despejo ou a demissão das famílias.
Sendo o serviço da instituição que representa de elevado interesse e responsabilidade social e por todos reconhecida, seria importante que pudesse haver um discurso coincidente entre palavras e actos, o que nem sempre tem acontecido.
Para bem da instituição e principalmente dos que nela residem, é importante que verifique se a hierarquia na mesma comunica entre si ou, até, se as informações que lhe são comunicadas internamente correspondem efetivamente aos actos praticados.
Com os melhores cumprimentos,
Leitor devidamente identificado