Opinião

A privatização da TAP – Por Diogo Sousa

Dois dossiers de elevada importância para Portugal que se encontram diretamente relacionados são a venda ou privatização da TAP e a seleção do local para um novo aeroporto.

Por um lado, temos a TAP que é considerada a companhia bandeira de aviação em Portugal, por outro lado, a necessidade de um novo aeroporto para libertar pressão do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa.

O dossiê da TAP acaba por ser o mais fundamental dos dois, visto que é o dossiê que estabelece a ligação com a necessidade de construir um novo aeroporto pois o comprador vai determinar a importância futura da companhia.

Assim, a TAP tem três possíveis compradores na mesa, designadamente a Lufthansa – companhia da Alemanha que já adquiriu, por exemplo, a companhia da Áustria e da Suíça; a Air France-KLM – companhia da França e dos Países Baixos; e a International Airlines Group – companhia do Reino Unido e Irlanda que adquiriu a Iberia e a Vueling, ficando por isso também sediada em Madrid, Espanha.

Portanto, qual dos compradores podemos considerar o melhor?
A minha opinião é bastante simples de se perceber sendo, para mim, o melhor comprador aquele que tem hubs – aeroporto utilizado por uma companhia aérea como ponto de conexão para transferir os seus passageiros para o destino pretendido – mais distantes de Portugal, pois só assim podemos garantir que a visão estratégica será benéfica para Portugal, em detrimento de nos tornar apenas um país acessório na ação da companhia mãe.

Nesse sentido, há claras vantagens em ser comprados pela Lufthansa que tem os seus hubs europeus em Frankfurt, Munique e Viena, ou pela Air France-KLM que tem os hubs europeus em Paris e Amesterdão. Ou seja, duas companhias que concentram a sua localização, atualmente, na Europa Central.

Uma lógica de compra por parte destes grupos de aviação pode passar pelo alargamento da sua base de ação e conquista ou reforço de novos mercados atendendo que Portugal apresenta uma posição estratégica no Oceano Atlântico e, por isso mesmo, nas ligações com os continentes americano e africano.

Pode significar, ainda, um reforço da posição do grupo no mercado europeu, visto que, em ambos casos mencionados, não existe um hub na Europa do Sul, o que diminui a eficiência de deslocação para países desta região, uma vez que há a necessidade de fazer uma espécie de transfer que permita regressar aos seus hubs base.

Ou seja, entre os possíveis compradores apenas a International Airlines Group acaba por ser uma má opção, tendo em conta que os seus hubs atuais incluem o aeroporto de Madrid que, devido à sua localização central na Península Ibérica e às suas possibilidades de alargamento no espaço, acaba por representar uma diminuição da área de influência de Lisboa e uma redução de tráfego no Aeroporto Humberto Delgado.

Concluindo, uma TAP com três possíveis compradores para a privatização e apenas uma má opção na mesa, a opção que acaba por conceder o monopólio na Península Ibérica tornando-a uma localização menos atrativa para outras companhias de aviação e, ainda, a opção que torna desnecessário o alargamento do aeroporto de Lisboa pois irá reduzir a sua importância, logo também o seu impacto económico para Portugal.

Diogo Fernandes Sousa
Professor do Ensino Básico e Secundário

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