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Bacalhau em risco de desaparecer da mesa dos portugueses devido a sanções à Rússia

O consumo de bacalhau em Portugal, que ultrapassa 170 mil toneladas por ano, enfrenta dificuldades devido ao embargo europeu aos produtos russos, alerta a Confederação Portuguesa das Micro, Pequenas e Médias Empresas. A organização defende que o Governo português invoque um regime de exceção junto da União Europeia para permitir a importação de bacalhau da Rússia, cuja proibição tem penalizado duramente as empresas nacionais do setor.


O embargo impede a compra de bacalhau a fornecedores russos, criando condições de mercado mais vantajosas para empresas norueguesas, que colocam o peixe em Portugal a preços elevados, afetando a maioria dos consumidores. Desde 1 de janeiro de 2024, a União Europeia aplicou tarifas de 12% à importação de bacalhau congelado russo, enquanto, a partir de 21 de maio de 2025, foi totalmente proibida a importação de produtos de dois dos maiores armadores russos.

A confederação alerta que o acesso ao bacalhau é parte da identidade cultural portuguesa, e que a situação atual ameaça o consumo generalizado deste peixe. Segundo os responsáveis do setor, a escassez tem agravado os preços, sendo que no Natal de 2024 o quilo do bacalhau seco chegou a rondar 40 euros. A época natalícia representa cerca de 30% das vendas anuais de bacalhau em Portugal, aumentando a pressão sobre produtores e consumidores.

O Governo, através do secretário de Estado das Pescas e do Mar, Salvador Malheiro, garantiu que o problema será levado ao Conselho de Ministros, mostrando-se sensível ao impacto da situação.

A situação é ainda agravada pelas quotas europeias de pesca, que limitam a captura de bacalhau na Antártida e em águas do Canadá, e pelo mercado paralelo de bacalhau russo que contorna sanções e chega ao mercado comunitário, incluindo Portugal, sem respeitar regras nem direitos aduaneiros.

O setor alerta que, sem medidas de exceção ou ajustes nas políticas europeias, o bacalhau poderá tornar-se um produto de luxo inacessível para a maioria dos portugueses, comprometendo uma tradição gastronómica com 500 anos de história, desde os Descobrimentos portugueses.

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