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“Esta não é a dragagem da Ria, é uma dragagem na Ria”

A possibilidade da “bazuca” financeira reservar financiamento para realizar as obras complementares à dragagem que decorre actualmente na Ria de Aveiro deixou satisfeito o presidente da Câmara Municipal da Murtosa. “Se for verdade, fico satisfeito, porque sempre defendi que esta não é a dragagem da Ria, é antes uma dragagem na Ria”. Ou seja, “é uma intervenção que, por si, justifica outras complementares e que se o fim fosse ela própria então seria inconsequente”.

Foto: Paulo Ramos

Joaquim Baptista explica que “quando se draga um canal de navegação e não draga as infraestruturas onde está o dinamismo económico, então não faz sentido”. “Que interessa dragar o canal entre Aveiro e o Carregal de Ovar se não pudermos parar e entrar em nenhuma marina ou cais do percurso para almoçar, comprar uma lembrança? Isso não faz sentido nenhum”.
Felicita a Polis por ter “tomado consciência disso e embora não possa chegar a todo o lado, tem de priorizar, olhando aos recursos que são finitos”. Portanto, “não vale a pena incrementar acessos onde não há nada para ver ou visitar, mas há infraestruturas que são fundamentais para dinamizar a economia local”.
Não adianta fazer-se como no canal da Bestida cujo acesso foi dragado para, entretanto, “ficarmos com as dezenas de embarcações um metro acima da água”.
Mais um exemplo do que é preciso corrigir. “A dragagem só será consequente se se criarem condições para aceder ao canal principal de navegação”.

O que se pretende?
E mais: “É que, ainda por cima, as infraestruturas são de gestão pública, por isso, se este investimento complementar se vier a verificar, vem justificar e complementar a empreitada que está em curso”, defende.
Enquanto presidente de câmara do Município localizado no coração da Ria, Joaquim Baptista sempre se referiu à dragagem da Ria como “uma missão que nunca pode estar concluída”, porque “o ecossistema é vivo e dinâmico e a realidade de hoje não é a de amanhã”.
Enquanto visão de futuro, a dragagem da Ria é “muito dificil sem ter uma missão e uma expectativa”. Pergunta-se: O que se pretende então desta dragagem? “Eu coloquei esta questão muitas vezes, porque só se pode avaliar um projecto se soubermos a missão do mesmo”.
Se a empreitada visa incrementar a navegabilidade nos principais canais, então devemos definir se o é “para a actividade profissional da pesca”. “para esse efeito não, porque esse não é o problema, o problema dos nossos pescadores não é esse. O problema deles é entrar e sair das infraestruturas”.

Dragar e depois?
Pretende-se dragar para incrementar a actividade náutica e turística. “Mas e depois? Vamos catapultar as pessoas para ver se caem dentro da embarcação no canal principal?” Então o objectivo é incrementar a náutica de recreiro. “OK, mas vamos fazer regatas com canais de 40 metros? Não serve para nada também”, sentencia.
“Estas perguntas têm que ser feitas quando temos 20 Milhões de Euros para fazer um investimento”, justifica Joaquim Baptista.
Por isso, em sua opinião, “estas obras complementares são boas porque vêm ajudar a justificar a obra que está a ser feita, porque vamos dar melhores condições ao profissionais da pesca, melhorar as actividades de recreio, muito embora não vá criar um campo de regatas, mas também não podemos querer tudo”. “Nem vamos ter veleiros de quinze metros a entrar na Ria, porque no dia em que isso acontecer Ovar fica debaixo de água”.
O autarca adiantou que a Polis já definiu alguns dos espaços a dragar e a Murtosa já foi chamada a pronunciar-se sobre o que precisa e já avisou que “isto não pode ser dividido por igual a todos…” “Mas sim, a expectativa é enorme”, concluiu.

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