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Dulcineia “perdeu-se”, em 1974, entre Ovar e Lisboa

No I Encontro da Canção Portuguesa, realizado no dia 9 Março de 1974, no Coliseu dos Recreios, lá estava Manuel Freire.

Antes de começar a cantar teceu considerandos sobre a importância do encontro, e em ar de piada foi dizendo que como mora longe de Lisboa, e tem de viajar de comboio, tinha ‘perdido’ algumas letras de canções e até mesmo perdera a última quadra do que ia cantar, a ”Dulcineia”. Realmente, nesse dia não a cantou, limitando-se a trauteá-la.

Hoje, recorda o caso especial e estranho que foi aquela canção que não foi proibida, “mas os versos finais não podiam ser cantados”.

“Não era costume a Censura cortar letras, ou proibia a canção toda ou não cortava”.

No seu caso, abriu uma exceção mas disse-lhe: “Pode cantar a Dulcineia, com exceção dos quatro últimos versos”.

Quando entrou em palco, nesse dia, recorda agora, “contei uma história: Que era de longe e tinha vindo de comboio de Ovar. A janela estava aberta e uma rabanada de vento levou as folhas que eu trazia e com elas esses versos”.

No último sábado, cantou a “Dulcineia” integral no espetáculo do cinquentenário do 25 de Abril, que se realizou no Coliseu dos Recreios.

“José Afonso e as Gerações de Abril” recriou o I Encontro da Canção Portuguesa, 50 anos depois desse evento em que José Afonso entoou “Grândola, Vila Morena” perante um Coliseu cheio – à frente de muitos militares que poucos dias depois protagonizaram o golpe da revolução dos cravos.

No concerto desta sexta-feira, os artistas recuperaram ao vivo a discografia de José Afonso, segundo o comunicado de imprensa, “dando novas roupagens às suas músicas ou apenas reproduzindo-as com outras vozes e sensibilidades”.

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