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CINANIMA 2020 com cartaz recheado

É uma semana dedicada ao cinema de animação. De 9 a 15 de novembro, o
CINANIMA – Festival de Cinema de Animação de Espinho apresenta um cartaz
recheado de o que de melhor se faz nesta área dentro e fora de portas. Entre longas e
curtas-metragens, há para ver mais de três centenas de filmes, grande parte deles em
estreia, de realizadores de várias nacionalidades e oriundos dos cinco continentes.

Desengane-se quem pensa que este é um festival para crianças. Há filmes e programas
para todos, reforçando a ideia de que o cinema de animação tem uma linguagem
pluridisciplinar com diversas camadas de leitura, inteligíveis quer por miúdos quer por
graúdos.

O CINANIMA, com os seus 44 anos de existência, é o mais antigo festival de cinema
de animação do país e um dos três mais antigos do Mundo, o que não tem impedido a
organização de, ano após ano, inovar e trazer a Espinho e ao Norte o melhor cinema de
animação de autor, nacional e internacional, catapultando jovens realizadores e dando a
conhecer técnicas inovadoras.

As sessões competitivas são, já se sabe, a marca identitária do festival, que este ano leva
a concurso 97 filmes, sendo que, desses, quatro são longa-metragens. A Competição
Internacional, com 68 filmes e três secções competitivas – curtas-metragens, filmes de
estudante e longas-metragens – continua a ser o ex-líbris do certame, reforçando a sua
vocação e dimensão mundiais. Comparativamente com a internacional, a Competição
Nacional é mais comedida, mas de inquestionável importância técnica e artística. No
total, são 29 filmes distribuídos por duas secções competitivas: o Prémio António Gaio,
que todos os anos distingue o melhor filme português; e o Prémio Jovem Cineasta
Português (nas categorias de menores de 18 anos e de jovens realizadores com idades
compreendidas entre os 18 e os 30 anos).

Além das sessões competitivas, estará ainda em foco a obra da realizadora e pintora
francesa Florence Miailhe; uma retrospetiva da última década do cinema de animação
na Europa; um ciclo de filmes que assinalam os 75 anos do fim da II Grande Guerra; e
uma homenagem ao checo Jiri Trnka, cineasta, ilustrador e artesão de marionetas.
A qualidade dos filmes em exibição é, reza a tradição, garantida, mas o certame aposta
ainda numa vasta programação paralela, com conferências, workshops, oficinas e

masterclasses, entre outras. Iniciativas que, de resto, não se esgotam nestes dias e se
prolongam pelo ano fora, saindo em itinerância por universidades e escolas.
Este ano, devido à situação epidemiológica provocada pela Covid-19, o CINANIMA
vai ainda mais longe e chega também à casa de todos nós através da plataforma
https://cinanima.kinow.tv. Todos os filmes, em competição ou não, serão exibidos
online, sem prejuízo de alguns poderem também ter uma sessão presencial no Centro
Multimeios de Espinho.

Florence Miailhe
A pintora de filmes

É conhecida por ser a animadora que pinta os filmes. Florence Miailhe nasceu em 1956,
em Paris, e vem ao CINANIMA para integrar o painel de jurados do Prémio
Internacional Curtas. Licenciou-se pela École Nationale des Arts Décoratifs,
especializando-se em gravura. Realizou a sua primeira curta-metragem, Hammam, em
1991, acabando por impor um estilo muito próprio na área do cinema de animação que
consiste na utilização de pintura, pastel ou areia, diretamente sob a câmara.

A sua filmografia reflete, entre outras coisas, um olhar singular sobre detalhes do quotidiano,
sobre a cultura árabe e sobre a mitologia, dois dos seus maiores interesses.
Os seus filmes – muitos deles escritos em colaboração com a escritora Marie
Desplechin – foram selecionados e premiados em diversos festivais de cinema de
animação franceses e internacionais. Em 2002 recebeu o César para a Melhor Curta-
metragem com Au Premier Dimanche D’Août e, quatro anos depois, foi galardoada com
uma menção especial no Festival de Cannes com o filme Conte de Quartier. Em 2015,
na 39.ª edição do Festival Internacional de Cinema de Animação de Annecy, foi
distinguida com o Cristal de Mérito pelo conjunto da sua obra. Este ano, a Animac –

Mostra Internacional de Cinema de Animação da Catalunha entregou-lhe o prémio
Animation Master de Animac.

Na última década, Miailhe tem estado a trabalhar na sua primeira longa-metragem, The
Crossing, sobre a temática da migração, que espera finalizar muito em breve. Além de
pintora e realizadora, Florence Miailhe é também professora, tendo ensinado em várias
escolas de cinema. Não é a primeira vez que integra um júri do CINENIMA (na 25ª
edição fez parte do júri de seleção). Este ano regressa para, além de júri, ser
homenageada com uma retrospetiva de quase duas décadas de filmografia e participar
como palestrante numa masterclasse online (através da plataforma ZOOM) “La
Tranversée, passo a passo”, que irá abordar o tema da pintura animada, do trabalho
solitário e do trabalho em equipa como processos para a concretização de um filme.

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