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“Ondulações de Estilo” de Luís Darocha

A inauguração da exposição de pintura do artista Luís Darocha que se realizou no sábado (11 junho), não teve a presença fisica do artista natural de Oliveira de Azeméis e exilado desde 1969 em Paris, por razões de saúde, como justificou o director do Museu de Ovar, Manuel Cleto, que assim desejou, para que o agradável momento ali partilhado pelos presentes fosse factor para “contribuir nas melhoras do seu estado de saúde”.

Bem presente esteve no entanto a mensagem de Luís Darocha em que explicou por escrito, que esta sua exposição no Museu de Ovar, “é uma amostra daquilo que me foi dado a produzir desde há 50 anos, que de um modo geral funciona por séries”, e acrescenta que entre as obras por si elaboradas, ainda se encontram algumas outras, que, “foram produzidas com a colaboração dos meus estudantes e assistentes”, como as que, “neste delicado museu apresento”, destacando-se “Dobragens”, “Monopolys”, “Ourigos” ou “Vale de Mendiz”.

Na missiva sobre a exposição que pode ser visitada até 2 de junho no Museu de Ovar, que não assume como retrospectiva da sua obra, Luís Darocha, pintor, desenhador, ilustrador, gravador, conferencista e antropólogo, ainda se refere ao Mar que banha esta terra, ao afirmar que, “É assim que surge expresso, numa escolha de obras a serem expostas, uma ondulação, como uma salva oferecida ao Oceano, que tão perto da simpática e agradável cidade de Ovar se move”, porque, como concluiu, “Cada onda tem o seu estilo, e cada multidão é um Oceano”.

Este evento cultural do Museu de Ovar mereceu atenção do semanário Sol no próprio dia da inauguração, apresentando o artista Luis Darocha como, “O pequeno Chagall” ou “Petit Chagal”, numa referência ao apelido que lhe foi dado por uma revista francesa, “dadas as semelhanças das suas pinturas coloridas e por vezes ingénuas com a obra do artista judeu nascido em Vitebsk”. Este jornal faz ainda referencia aos finais dos anos 80, quando, “Mário Soares foi a Paris numa visita oficial, fez questão de apresentar ao seu amigo François Mitterrand um pintor português radicado em França” e este rispostou, “Oui, je le connais déjà” (‘Já o conheço’), ripostou o presidente francês referindo-se ao pintor José Luis da Rocha, que, como escreve o Sol, se tinha mudado para a capital gaulesa no final dos anos 60 e se movimentava com à-vontade nos circuitos intelectuais e de uma certa elite parisiense”, apesar de “Mal conhecido em Portugal”.

Manuel Cleto falou da profunda relação de amizade que tem com o artista, que nesta exposição no Museu de Ovar tem cerca de 40 trabalhos de diferentes fases da sua pintura, sendo parte de obras que foram enviadas de Paris e outras que estavam em Portugal, que podem ser agora vista em Ovar.

José Lopes (Texto e fotos)

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