Opinião

Não nos matem a memória – Lobo Mau

Nunca ninguém percebeu muito bem porque é que um Município que gasta balúrdios em festas e romarias, artistas de Rádio, TV e CD ripados, não tivesse espreitado a oportunidade de instalar uma Fun Zone para o Euro 2016. Falta de confiança na selecção, talvez. Não o fez. Fizeram-no os Municípios vizinhos com assinalável sucesso, para o qual contribuiu o percurso da selecção nacional que quase sem se dar por ela, chegou à final.

Mesmo tarde, o clamor dos adeptos chegou aos Paços do Concelho e eis que vamos ter um ecrã gigante para ver a bola. Antes tarde que nunca.

velho teatro ovarenseEsta final e esta Fun Zone, que põe a Câmara a falar com a Junta, chega tarde mas ainda chega a tempo de fazer esquecer aquela outra triste zona que circunda o cine teatro de Ovar. A propósito: Ainda alguém se lembra do Velho Teatro Ovarense? Não. Pois, eu lembro-me muito bem. E até me lembro dos projectos que se tinham aventado para o imóvel, inclusivamente quando era Ministro da Cultura um tal de Manuel Maria Carrilho. O nosso vereador da Cultura da altura, Manuel Malícia, dizia que tinha reunido com o ministro e chegou a anunciar a recuperação do imóvel com um projecto que contemplava até (imagine-se!) um café-concerto. Pouco tempo depois foi demolido. Está lá um magnífico monte de entulho. Bah!

Demoliram um imóvel por onde passaram gerações de artistas vareiros e onde assisti às chegada das projecções de cinema à nossa vila e agora preparam-se para fazer o mesmo a outra casa que guarda nas suas paredes, no seu palco, nos seus camarins, memórias de grandes noitadas de talentos vareiros, de risos, de lágrimas, de carnaval, de Reis, de festa.

São João da Madeira recuperou o seu, Santa Maria da Feira recuperou o seu, Albergaria-a-Velha recuperou o seu, Estarreja recuperou o seu…

Não façam isso, políticos desta terra. Não deixem que aconteça! A vossa palavra não pode valer tão pouco! Se prometeram que aquilo podia dar uma entrada nobre de qualquer coisa, cumpram. Provem que este sistema, no qual acreditamos votando de quatro em quatro anos, ainda vale alguma coisa. Que a palavra dos homens vale qualquer coisa. Não desbaratem a nossa confiança. Oiçam a opinião das pessoas que representam.

E se for preciso seguir o exemplo do Euro que junta a todos por um ecrã do Euro 2016, juntem-se também para discutir o futuro daquela casa que era a nossa sala de visitas. Façam qualquer coisa, mas… Não nos matem a memória.

O Lobo Mau
(Leitor devidamente identificado)

 

 

 

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