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Clube Fenianos quer recriar corso carnavalesco do Porto

História do corso portuense ligada aos foliões de Ovar

Recriar o corso de 1905 que inaugurou a tradição carnavalesca no Porto é o que pretende concretizar até 2021 o Clube Fenianos Portuenses.

Vítor Tito, vice-presidente da organização fundada há 114 anos, disse tratar-se de “um grande desafio e um sonho”, que quer que este “seja também da cidade”. “Estamos perante um grande desafio, pois o corso carnavalesco dos Fenianos faz parte da história da memória da cidade”.

“Nos seus tempos áureos, [o corso] chegou a juntar 400 mil pessoas e a mobilizar grandes artistas como Rafael Bordalo Pinheiro, Almada Negreiros e Teixeira Lopes, que desenharam os corsos”, lembrou o responsável, acrescentando “que em termos artísticos o clube tem tudo o que é necessário fazer”, e que os Fenianos “preservaram os desenhos e fotografias da época”.

O corso foi interrompido pela I Guerra Mundial e também pela Grande Depressão e retomado em 1939, exibindo-se então até 1947, altura em que a ditadura proibiu os festejos de rua, passando a animação a estar confinada às instalações dos Fenianos, explica a brochura da exposição.

O desfile voltou às ruas do Porto entre 1954 e 1957, com a participação de carros alegóricos do Carnaval de Ovar, e depois entre 1982 e 1984. O último corso foi em 1989.

Em 1905, segundo Vítor Tito, o corso percorreu as ruas dos Clérigos, Almada, Santa Catarina e a baixa portuense.

Num estudo sobre o Carnaval no Porto, Ana Rita Alves Ferreira, antiga aluna da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e actual docente da Escola Profissional de Espinho, traça a relação entre o clube e Ovar como tendo sido “sempre de grande cordialidade, com participações mútuas nos respectivos cortejos”.

Quando tal não acontecia, “a falta era imediatamente sentida, pois a amizade era grande”. Mesmo em 1958, quando os Fenianos já não fizeram as grandes celebrações dos anos anteriores, “fizeram-se
representar em Ovar e eles marcaram também presença na Invicta com um carro que desfilou na Terça-Feira Gorda”.

Este Carnaval, acrescenta, “com grande tradição e tido já há bastantes anos como um dos melhores, foi neste período ganhando mais e mais relevo nas notícias de O Comércio do Porto”.

Até aqui, numa primeira fase, os festejos portuenses tinham igual destaque entre si e havia pequenos recortes sobre outras localidades próximas, depois, “as notícias sobre os Fenianos começaram a estar presentes em maior número e em muito maior dimensão, mas agora, a partir de 1958, é o Carnaval de Ovar que merece os maiores textos”.

“Desta feita, não será exagerado dizer que no final da década o Carnaval portuense entra definitivamente em declínio para deixar de dividir atenções com um outro que lhe é próximo e que se afirmará, até
hoje, como o mais famoso da região: o Carnaval de Ovar”, termina Ana Rita Alves Ferreira, no trabalho de investigação que realizou sobre o tema.

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