A divulgação da lista dos candidatos do PSD às próximas eleições legislativas veio apenas confirmar uma notícia já antiga e gasta: o desejo avassalador de Salvador Malheiro em abandonar a Câmara de Ovar afim de poder alargar os seus horizontes de ambição pessoal em outros domínios. Este cenário antevia-se já nas últimas eleições autárquicas, obrigando, na altura, Salvador Malheiro a vir a público reiterar promessas de amor e fidelidade a Ovar e a sua garantia em cumprir integralmente o mandato a que então se candidatava. Promessas completamente falaciosas, como então se adivinhava e agora se confirmam. À primeira oportunidade, mesmo que num cargo de muito reduzido destaque (nº4 da lista do PSD por Aveiro) para alguém que já foi vice-presidente do PSD e líder da Federação Distrital, o até agora Presidente da Câmara Municipal de Ovar não hesitou em, à primeira oportunidade e de imediato, abandonar o Município e a sua palavra de cumprimento do mandato (que ainda vai a meio…).
Pode Salvador Malheiro entender que este é o momento para tentar prosseguir a sua carreira pessoal na política; não pode é querer iludir ou menosprezar a capacidade de entendimento dos cidadãos fazendo crer que é o interesse de Ovar que o motiva… Muito menos dizer que os problemas do município de Ovar são melhor resolvidos em Lisboa! Sem o perceber, desvaloriza de modo estrutural e essencial o poder local e municipal, a ação e funções da Câmara Municipal e das Autarquias Locais, deixando a nu as suas fragilidades e incompetência no desempenho das funções que agora abandona, reconhecendo implicitamente que não tem e nunca teve uma perspetiva de desenvolvimento para o município de Ovar, nem prioridades claras e estratégias para resolver os muitos problemas da nossa comunidade. A sua justificação e argumentação, ontem reveladas no seu instrumento de comunicação favorito – o Facebook – , não colhem. Mais uma demonstração, lamentavelmente, de que outras razões se sobrepõem ao interesse e bem comum.
A saída de S. Malheiro da autarquia faz-se de forma discreta e pela porta pequena, da mesma reduzida dimensão que foi o impacto do seu mandato para o desenvolvimento do Concelho de Ovar: sem nenhuma obra estruturante, sem um rumo concreto de desenvolvimento para o futuro, sem uma linha orientadora de desenvolvimento económico, cultural ou até mesmo social, sem marcos evidentes para o futuro. Os seus mandatos, prenhes de promessas que nunca saíram do papel ou que, quando o fizeram, não tiveram qualquer impacto relevante na vida dos cidadãos do Concelho de Ovar, deixaram, ao fim de 10 anos na presidência do executivo municipal, o Concelho de Ovar a afundar-se e a encolher em termos de desenvolvimento, quer face aos Concelhos vizinhos quer em múltiplos indicadores nacionais.
Não deixa saudades Salvador Malheiro. O país por certo merece bem melhor…
O Presidente da Comissão Política Concelhia,
– Emanuel Oliveira –
