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R!SKA: Skates artesanais nascem em carpintaria desactivada (DA)

Skates de madeira, totalmente construídos de modo artesanal, estão a sair, brilhantes, da antiga carpintaria do “Sr. Diamantino”, nos Campos, em Ovar, que se julgava totalmente desactivada. João Silva é um jovem recém-licenciado em arquitectura, responsável por dar novamente vida às plainas, lixas e serrotes, ferramentas da antiga carpintaria do avô. Com design retro, inspirado nos anos 60 e 70, os skates levam a marca “R!SKA”, outra criação do João a sair da oficina onde trabalha e onde ainda se podem observar projectos desenhados de skates, afixados na parede. Foi ali que se deu o parto, nem sempre fácil, do primeiro “R!SKA”, a marca de skates que lançou e começa a ter interessados no estrangeiro. “Foi mais ou menos há um ano que comecei com este projecto, quase por brincadeira”. O jovem arquitecto tinha tudo o que é preciso mesmo à mão de semear. A antiga carpintaria do avô chamava por ele, com tudo o que é preciso, desde espaço até às ferramentas.

 

“Eu e alguns colegas pensamos em fazer alguns ‘skates’, e eu avancei mesmo para criar um para mim, porque material e maquinaria não me faltavam. Era só aproveitar”. Entretanto, meteu-se a dissertação do curso e só em Fevereiro passado “é que pude avançar com o projecto”. A carpintaria do avô, localizada junto ao Jardim dos Campos, em Ovar, tinha tudo o que era preciso. “Chegou a produzir móveis quando abriu, mas depois limitava-se a pequenos ajustes ou reparações nos móveis que ele vendia”, explica. Portanto, “eu não tive que pagar nada, foi só aproveitar o que estava instalado”, o que, reconhece, “foi uma boa vantagem para começar”. O modelo de skate que João faz com as suas próprias mãos é distinto e possui um design inspirado nos anos 60 e 70.

“Quis que os meus skates tivessem um apelo retro”. “Depois, quis que eles fossem feitos de madeira e que a própria beleza das madeiras desse beleza aos skates”.

Cada tira (risca) que o skate apresenta é um tipo de madeira e a própria textura e cor é dada pela madeira, “porque eu não lhe dou tinta nenhuma. A única coisa que lhe dou é verniz incolor para dar brilho”, explica João Silva. Sobre a matéria-prima utilizada, o mentor dos “R!SKAS” não se inibe de afirmar que usa diversos tipos de madeira, “aproveitando até pedaços que as carpintarias aqui vizinhas já não precisam”. Entre as mais utilizadas estão “a sucupira, tola, jatobá, izombé, mogno, riga, freixo, pinho, faia, tudo madeiras que consigo arranjar por aqui facilmente”.

Nome e imagem

A imagem e o nome dos skates “R!SKAS” têm tudo a ver com sol e praia, que são conceitos globais. “Eu não pisco o olho ao estrangeiro, mas já tive algum retorno de fora de Portugal”, desvenda João. “Não sei se foi do ‘passa-a-palavra’, se foi da divulgação no Facebook, a verdade é que já tive contactos de França, Alemanha e de um senhor de Beja que vai levar um skate para o filho que está no Brasil. São contactos bons porque espalham a ideia”. Habituado a praticar surf e skate na praia do Furadouro, João Silva terminado o curso de arquitectura e já perspectiva o futuro: “A minha ideia era poder conciliar a minha profissão de arquitecto com a criação de skates, depois da marca estar consolidada”. “Teria que arranjar outra pessoa para me ajudar e nas horas vagas vinha pra cá trabalhar. Não quero deixar a arquitectura de parte”.

Assim, já vai adiantando as perspectivas: “Se a adesão se confirmar boa, a minha ideia é abrir o leque de desportos que usam pranchas deste tipo de material nos equipamentos, como o surf e outros desportos de mar”. A verdade é que os primeiros skates têm tido uma boa aceitação nos locais onde têm estado expostos. O “R!SCAS” esteve no FURA – Festa Urbana de Rua Animada, no Furadouro, no Surf at Night, em Cortegaça, e no Ofir Surf Open. “Tudo o que forem exposições é bom, nesta fase, porque é importante para as pessoas verem, tocarem, experimentarem o produto”.

João Silva levou os skates “R!SCAS! a um evento de competição, em Ofir, designadamente de descidas de gravidade. “A reacção obtida foi de que este skate tem pouco aderência para quem faz descidas de velocidade, um tipo de competição que precisa de ter uma grande aderência do pé à tábua para ser possível executar as curvas e outras manobras”. Por isso, explica João, “é que as tábuas profissionais apresentam lixa em toda ela, para que o pé agarre bem”. João Silva explica que o conceito que pretende para o “R!SKAS” também “não é bem esse”. “O que pretendo está mais no estilo mais ligado à praia, ao surf, ao longboard, para quando se sai da água e vai descontrair para uma avenida”.

Apoio ao empreendedor jovem

Num país que se diz apostado em apoiar novos projectos e jovens empreendedores, o “R!SCAS” foi só mais um a ficar de fora. João Silva candidatou a marca ao Passaporte para o Empreendedorismo, mas não obteve sucesso. “Talvez por minha culpa, pois posso não ter enviado a informação correcta”. Para já, o jovem arquitecto vareiro está concentrado em aperfeiçoar os skates. Tem várias encomendas em carteira. “Consigo ter a sair, ao mesmo tempo, três tábuas, em duas semanas”.

É um processo que demora porque é tudo artesanal, “feito à mão, cada prancha é diferente da outra”. Um dos atractivos dos “R!SKAS” é não haver um skate igual ao outro. “Eu não consigo, nem que queira, fazer duas tábuas iguais, porque há sempre um pormenor que fica diferente”. “Estas pranchas têm um acabamento bastante cuidado, que é praticamente impossível de obter em produção industrial, e isso é algo que lá fora tem mais tendência a ser valorizado”, diz o jovem arquitecto.A qualidade é que é sempre a mesma e é fantástica.

Como surgiu o nome

O nome surgiu da conjugação de duas palavras que definem o skate: Retro e skate boards. “R!SKA” é uma designação que se associa à risca dos skates. Depois, João acrescentou-lhe o “i” ao contrário. Depois de muito procurar, “acho que este nome se associa bem à imagem dos produtos que tenho”. A marca R!SKA começou a ser comercializada há apenas seis meses e dispõe de três modelos de pranchas cujo fabrico é integralmente manual, envolvendo uma gama de 15 madeiras nobres conhecidas pela sua resistência e maleabilidade, como é o caso da faia, o freixo, o izombé, o jatobá, a kambala escura, a riga e a sucupira.

Constituídos por três camadas (duas de madeiras nobres para as faces exteriores e uma de contraplacado de Bétula entre estas), os skates possuem uma estrutura que lhes confere uma maior resistência, sem deixar de parte a importância da flexibilidade para o seu pleno usufruto. O acabamento é feito com verniz de alta qualidade de forma a proteger as madeiras quer dos raios UV, quer do próprio desgaste criado pela tempo e pelo uso. Mini, Voyager e Dancer são os três tamanhos de prancha disponíveis nesta fase e, nos seus modelos-padrão, têm um preço final a partir dos 85 euros e pode ir até ao limite da imaginação. “A produção artesanal justificaria que o valor de cada skate fosse mais alto, mas, para já, este são preços de lançamento, para competir com os que já estão no mercado”, admite João Silva. (in DA/Foto Paulo Ramos/DA)

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