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Três anos “À Palavra” no Museu de Ovar

Para assinalar o terceiro aniversário do evento literário “À Palavra”, moderado pelo escritor ovarense Carlos Nuno Granja, foi inaugurada no dia 2 de setembro uma nova fase de tertúlias.

Tal como aconteceu na estreia deste projecto do Museu de Ovar de proximidade entre escritores e leitores, voltou a dar-se a palavra a autores da arte da fotografia, como o fotojornalista Alfredo Cunha e os fotógrafos com trabalhos igualmente reconhecidos, Fernando Jorge e Jorge Bacelar.

Perante uma plateia composta essencialmente por amantes da fotografia, em que se incluíam profissionais com trabalhos editados na imprensa, o director do Museu de Ovar, Manuel Cleto, resumiu os 3 anos do À Palavra, enumerando todos os intervenientes convidados para tais tertúlias, bem como os agradecimentos às entidades que contribuem para este evento se manter na agenda da oferta cultural do Museu.

“À Palavra” com três nomes conceituados da fotografia foi mais uma inesquecível noite de partilha de experiências, em que a sensibilidade na captação de imagens que tantas vezes dispensam legendas.

Alfredo Cunha, uma referência do fotojornalismo que fotografou o 25 de Abril de 1974 em Portugal e depois viajou por Angola, Moçambique ou Guiné-Bissau, fotografando a descolonização Portuguesa, partilhou a sua longa experiencia de fotojornalista na Agência Noticiosa Portuguesa ANOP (1977) e nas agências de notícias Notícias de Portugal (1982) e Lusa (1987). Tendo iniciado a sua carreira como fotografo no Notícias da Amadora em 1971, depois trabalhou no jornal O Século (1972), como editor-chefe no Público (1989 e 1997) e no Jornal de Noticias (2003 e 2009). Foi ainda diretor fotográfico da Global Imagens (2010 e 2012).

Trabalhou também na revista Focus e colaborou no programa “Por Outro Lado”, da RTP2.

Um percurso profissional de que resultaram imagens de grandes acontecimentos nacionais e internacionais em que privilegia o preto e branco, que ilustraram a generalidade da imprensa portuguesa, que deram origem a vários livros de fotografia, como Vidas Alheias (1975), Disparos (1976), O Grande Incêndio do Chiado (2013) ou Os Rapazes dos Tanques (2014).

Neste À Palavra dedicado à arte de fotografar, Alfredo Cunha veio para falar das histórias das suas fotos, como fez questão de frisar, deixou palavras de incentivo e reconhecimento, mas também de análise técnica sobre o trabalho dos seus colegas de painel numa sessão de troca de pontos de vista sobre o acto de fotografar, em que realçou o trabalho de paisagem de Fernando Jorge, que se assume como fotógrafo de “imagens que contam um conto; Causas e Tradições”, já que, “é com a fotografia que me sinto bem, seja ela de rua ou natureza…”.

Momento de particular espectativa mereceu também a obra fotográfica de Jorge Bacelar, um veterinário de profissão na Murtosa que aí encontra inspiração para fotografar o ambiente rural, o “realismo” como caracteriza Alfredo Cunha. Uma paixão pela imagem ainda recente, já que se passou a dedicar mais à fotografia em 2013 e rapidamente tem conquistado prémios com o seu tipo de fotografia de “interior”, referindo-se às fotos que tira às pessoas dentro de casa, ou nos estábulos, como resultado de “uma certa cumplicidade e amizade”.

Trabalho fotográfico dado a conhecer neste evento cultural no Museu de Ovar, que tem sido reconhecido a nível nacional e internacional, destacando-se os mais recentes ao tornar-se campeão do mundo e receber os prémios Photographic Cup Reportage Bronze Medal 2016 e no concurso Fotógrafo Europeu do Ano 2016, Jorge Bacelar recebeu os prémios Reportage Bronze Camera 2016, Reportage Excellence Award 2016 e Reportage Distinction Award, tendo ainda sido selecionado como finalista do concurso Hamdan International Photography Award – HIPA 2016.

José Lopes

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