Opinião

O Céu de Agosto de 2021 – Por Fernando Pinheiro

A conjunção superior de Mercúrio, i.e., a presença deste planeta para além da posição do Sol na constelação do Caranguejo marca o início deste mês. No entanto mercúrio não permanecerá aí durante todo o mês. De facto, na madrugada de dia 19 este planeta será visto um décimo de grau abaixo de Marte, o planeta que por estes dias se situa ligeiramente à esquerda de Régulo, o coração da constelação do Leão

No segundo dia do mês Saturno apresentar-se-á em oposição (i.e., na direção oposta à do Sol) e, portanto, mostrar-nos-á a sua face completamente iluminada. Pelo mesmo motivo nesta altura Saturno encontra-se mais próximo de nós.

Dia 8 terá lugar a Lua Nova, não sendo possível observá-la por encontrar-se numa direção muito próxima da do Sol. Já entre os dias 10 e 11 iremos assistir à sua passagem junto aos planetas Marte e Vénus.

Por estes dias o nosso planeta está a passar perto da órbita do cometa 109P/Swift-Tuttle, colisionando com algumas poeiras e pequenas rochas que este cometa foi largando ao longo do seu percurso. A queda destes meteoros no nosso planeta dá origem à famosa chuva de estrelas perseidas (ou perséiades) as quais embora possam ser vistas noutras direções, parecem surgir da região do céu donde se situa a constelação de Perseu. Esta é uma das chuvas de estrelas mais intensas do ano, podendo chegar à centena e meia de meteoros por hora no período de maior atividade (este ano entre as madrugadas de dias 11 e 13). No entanto com a proliferação de fontes de poluição luminosa cada vez mais estes números tendem a ser mais a exceção do que a regra.

Na tarde de dia 15 terá lugar o quarto crescente junto à constelação da Balança, e um dia depois já ter-se-á aproximado de Antares, uma estrela gigante avermelhada na constelação do Escorpião.

À meia-noite de dia 20 será a vez do planeta Júpiter estar em oposição, e ao final desse mesmo dia iremos encontrar a Lua quatro graus abaixo de Saturno. Dois dias depois terá luar a Lua cheia, que por ocorrer sempre na direção contrária à do Sol, significará que iremos encontra-la ao pé de Júpiter.

No penúltimo dia do mês terá lugar o quarto minguante, que irá coincidir com a chegada da Lua ao seu apogeu (ponto da órbita mais afastado da Terra).

Boas observações!

Legenda foto: Céu a norte pela uma hora da madrugada de dia 30 onde é visível o radiante da chuva de estrelas perseidas e outros objetos celestes de interesse.

Fernando J. G. Pinheiro (CITEUC e FCTUC)

Fernando J.G. Pinheiro é investigador do Departamento de Física da Faculdade de Ciências e

Tecnologia da Universidade de Coimbra e do CITEUC – Centro de Investigação da Terra e do Espaço

da Universidade de Coimbra. Os seus domínios de especialização incluem a Astrofísica, Geomagnetismo e Meteorologia Espacial. Para além do seu trabalho de investigador, já exerceu funções nos orgãos sociais da Sociedade Portuguesa, e coordenou o grupo Solar System Science do CITEUC. Para além disto, Fernando Pinheiro é colaborador regular em atividades de divulgação

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