Saúde

Os riscos dos “protetores de estômago”: o que precisamos de saber – Por Dra. Alexandra Ramos Rodrigues

Os inibidores da bomba de protões (IBPs), muitas vezes chamados de “protetores de estômago”, tornaram-se um recurso comum para muitas pessoas que, mesmo sem indicação médica, fazem uso destes medicamentos. A palavra “protetores” transmite uma falsa sensação de segurança absoluta e de benefício exclusivo. A verdade é que são medicamentos e, como acontece em todas as classes, têm os seus benefícios, claro, mas também os seus riscos. O seu mecanismo de ação baseia-se no impedimento de secreção de ácido por parte do nosso estômago, daí a sua função no tratamento de doenças como a azia (doença do refluxo gastroesofágico) e, patologias mais graves que surgem, muitas vezes por consequência, como úlceras gástricas ou alterações esofágicas.

Quando utilizados de forma prolongada e sem indicação médica, os riscos de efeitos adversos destes fármacos aumenta – alguns exemplos: défice de vitaminas, como a B12 (conduzindo a fadiga, fraqueza ou problemas neurológicos, em casos muito graves); défice de magnésio e de cálcio (resultando em osteoporose e maior risco de fraturas ósseas, particularmente em idosos). Aumenta também o risco de infeções gastrointestinais, entre outras.

Nesta sequência, serve este artigo para alertar para o uso indevido e prolongado de medicamentos, sem supervisão médica. A automedicação, muitas vezes vista como uma solução rápida e fácil, pode levar a complicações de saúde a longo prazo.

As queixas de azia são muito frequentes, mas não se esqueça de aplicar medidas não farmacológicas para evitar o desconforto associado: redução do consumo de alimentos picantes e gordurosos, citrinos, café, bebidas gaseificadas; refeições menos abundantes; opte por elevar a cabeceira da cama e por não se deitar/sentar logo após a refeição; se necessário, a perda de peso, cessação tabágica e diminuição de ingestão de álcool são também fatores a ter em conta.

Deste modo, os IBPs desempenham um papel importante no tratamento de diversas patologias e nessas alturas os seus benefícios superam os possíveis efeitos secundários. Mas tal como todos os outros medicamentos, não são isentos de riscos, especialmente com o seu uso continuado. Mantenha-se informado e procure o seu médico sempre que necessário.

 

Alexandra Ramos Rodrigues
Médica Interna de Medicina Geral e Familiar
USF João Semana

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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