Opinião

Quem nunca pensou em “beber para esquecer”? – Enf.ª Manuela Reis

O uso de bebidas alcoólicas com moderação é socialmente bem aceite, seja em contexto de festa, comemoração, fim de semana, férias, para acompanhar uma comida especial e até por hábito, a todas as refeições.

Sabemos que a Organização Mundial da Saúde (OMS), preconiza que o uso de bebidas alcoólicas, mesmo que moderado, tal como o uso de outras drogas com efeito sedativo e que afetam o sistema nervoso, implica sempre risco para a saúde, em sentido holístico da pessoa.

O uso de bebidas alcoólicas, solitário ou acompanhado para “esquecer”, “aliviar a ansiedade”, e/ou “afugentar medos e inseguranças”, já saí do “socialmente aceite”, para entrar noutro campo muito mais pantanoso. O “beber para esquecer”, pode até aparentemente resultar num determinado momento, e durante um curto período de tempo, mas… insidiosamente deixa de fazer efeito, e a dose que “resulta” hoje, já não é suficiente para voltar a “esquecer” amanhã…já não chega um copo, é preciso mais, e mais, e mais…

Os “amigos” do “socialmente aceite, das festas e dos copos”, passam a olhar de outra forma, começam por aconselhar, depois a criticar, depois a julgar e por fim a evitar.
Sabemos que as soluções “fáceis e rápidas” para os nossos problemas de ansiedade, como “beber um copo para esquecer”, não resultam; a ansiedade volta mais forte, e depois temos dois problemas: a ansiedade e a dependência do álcool.

Se consome bebidas com álcool saiba qual é o seu risco de desenvolver dependência, faça o teste do AUDIT, Alcohol Use Disorder Identification Test (AUDIT). Disponível no sítio do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD) http://www.sicad.pt/PT/Intervencao/RedeReferenciacao/SitePages/detalhe.aspx?itemId=2&lista=SICAD_INSTRUMENTOS&bkUrl=/BK/Intervencao/RedeReferenciacao/ Questionário AUDIT: http://www.sicad.pt/BK/Intervencao/RedeReferenciacao/Lists/SICAD_INSTRUMENTOS/Attachments/2/Audit.pdf

Deve saber que existem vários níveis de ansiedade que podem ser classificados e tratados com psicoterapia, terapias comportamentais, medicação entre outros.
A ansiedade pode ser progressiva e subir a níveis de foro psiquiátrico. O nível 1 considerado leve ou normal, pode até ser útil e trazer efeitos positivos, como o aumentar da produtividade ou da aprendizagem. Os problemas surgem quando o nível de ansiedade passa para o nível 2, com alterações da frequência cardíaca, suores e outros sintomas associados. Neste ponto, podemos começar a ter por vezes aquela vontade de “beber para esquecer, para acalmar”, que parece resultar, mas é enganadora… Quando a ansiedade atinge o nível 4, podem ocorrer ataques de pânico, e no nível 5 pode ser incapacitante e surgir a necessidade de internamento psiquiátrico.

O seu médico ou enfermeiro de família são os profissionais de saúde com os quais deve ter uma boa relação terapêutica, e são as pessoas certas para o ajudar a ultrapassar a sua ansiedade e/ou os seus problemas de saúde relacionados com o uso de bebidas com álcool, e se necessário encaminhar para profissionais de saúde especializados.
Façamos um brinde (sem álcool) à nossa SAÚDE!

Manuela Reis
Enfermeira Especialista de Saúde mental e psiquiátrica
USF João Semana

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