Opinião

Diário de um fim-de-semana confinado – Por Pedro Nuno

9h – 12h – Acordo, tomo o pequeno-almoço, vou ao Pingo Doce comprar manteiga, marmelada e kiwis , chamo “boi de merda” ao gerente da loja e digo-lhe que a mulher anda a meter-lhe os cornos com um repositor de 25 anos do Lidl, ouço o Costa dizer que as regras são para cumprir e que o PSD Açores é a puta política do Chega Açores e, por fim, vou dar uma volta por aí, sozinho, com uma lata de cerveja na mão e um Lucky Strike na outra;

12h05 – Empresários da restauração manifestam-se por todo o país. PSP sente-se confusa porque vê mais caixões do que tachos e panelas, pensando tratar-se de um qualquer comício de agentes fúnebres. Abro a quarta lata de cerveja e o segundo maço;

12h15 – Salvador Malheiro manifesta-se solidário com a malta da restauração e dos bares. “Saudades de beber shots com vocês e dizer à minha mulher que vou chegar tarde porque ainda estou no plenário do PSD Aveiro”, afirma orgulhoso;

12h40 – Vou ao pão quente. Enquanto espero na longa fila, dou uma vista de olhos ao Instagram da Mariana Corceiro para ver o que a miúda anda a fazer. Nada de especial: apenas diz coisas que só a malta do concelho de Oeiras percebe;

13h50 – Almoço e vejo as notícias: Lujbomir, aquele chef que é super cool porque diz bué palavrões na televisão, assume o papel de um capitão de Abril e, enquanto fala, entope o megafone de saliva;

14h30 – Lujbomir sente-se visivelmente nervoso a discursar. Motivo: acabara de saber que Cristina Ferreira lançou um livro;

14h31 – Lujbomir liga para a TVI para solicitar trabalho. Abandona a manifestação e leva consigo um cão que por lá se encontrava perdido para o grelhar;

15h10 – Bruno Nogueira faz a árvore de Natal: sete milhões pessoas assistem ao acontecimento via Internet;

16h – Abro o terceiro maço do dia e cruzo-me nas bombas com o “corno” do gerente da loja do Pingo Doce. Desviei o olhar. Estava com a esposa e era estupidamente musculado, algo que não me tinha apercebido de manhã;

17h-20h – Cigarros, latas de cerveja, um ou dois charros de uma erva que já foi mais eficaz, ler alguma coisa que me faça sentir fora e pôr “likes” em fotografias de miúdas que residam na Área Metropolitana de São Vicente de Pereira e que me façam voltar a sentir útil;

20h30 – Dispara o alarme da agência funerária aqui do quarteirão: nada de grave, é apenas a malta da restauração a roubar mais três ou quatro caixões para incendiar;

21h – 6h – Esperar que a morte chegue e me leve. Ou então, uma tarte de brigadeiro de chocolate e gomas em forma de ovo estrelado. Era giro, era.

Ânimo, malta! Ânimo e coisas assim positivas para serem ditas!

Pedro Nuno

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