Opinião

Mundanidade do mundo… – Por Sérgio Lamarão Pereira

Estou aqui em frente ao mar a escrever estas palavras provavelmente sem sentido. Há tanta vida lá fora como ondas no mar. Tanta beleza e tanta diversidade como a biodiversidade que existe no planeta. Passam por este passeio de basalto escorregadio e molhado os mais variados tipos de pessoas. Lá vão eles sorrindo, beijando-se e sussurrando ao ouvido. Largando risadas de contentamento. Outros passam sozinhos, tristonhos por vezes. Seguem introspetivos falando com as pedras da calçada, outros fazendo o mesmo sem que se apercebam.

Poucos caminham contentes. Muitos caminham tristes e melancólicos como o nevoeiro vindo do mar. Algumas mulheres assam castanhas para venda, onde pessoas aguardam ansiosas as mesmas, quentes e boas. Embrulham-nas em folhas de papel de jornal. Felizmente a publicidade tem utilidade, serve para embrulhar castanhas e não manipular mentes enfraquecidas, nem colaborar para a criação dos novos pobres do século XXI: aqueles que de tudo usufruem, mas nada possuem.

Olho para o mar, e lá ao fundo, na linha do horizonte, este encontra-se com o céu. Grandes navios, embora parecendo pequenos, devido à distância, aguardam a entrada no porto. As ondas não param, sempre num movimento permanente e carregadas de espuma branca. Lá estão elas batendo nas rochas do paredão num espetáculo de força e violência. As gaivotas dançam ao seu ritmo. Incrível esta imensidão de água mesclada entre o azul do céu e o verde do mar.

O mar transmite serenidade com o seu perpétuo movimento. Tal como o movimento da vida, a permanente viagem entre o nascimento e a morte. Que experiência estética! Que contemplação do belo! Tento fixar-me na água e no areal, por momentos deixo para trás a civilização. Para trás deixo o lixo e a degradação. Por breves momentos gostaria de recuar à natureza pura. Que hei-de eu fazer no meio deste absurdo? Entre a vontade de viver num mundo claro e limpo, embora seja obrigado a viver num mundo “escuro e sujo”, tal como parte da Humanidade?! Sou obrigado a viver no meio dos que “sujam e poluem”!

O Sol começa a esconder-se, talvez com vergonha! Esta desumanidade envergonha-me! Cansa-me! Encontro a paz de espírito no teu corpo, mulher. Encontro a paz de espírito no teu leito, vida. Encontro a paz de espírito na tua essência, filosofia.
Continuo a olhar para o mar. Este parece querer comunicar. Que pena não o compreender!

Sérgio Lamarão Pereira

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