Saúde

Tenho diabetes… posso comer pão? Por Dra. Alexandra Ramos Rodrigues

“Eu nem como açúcar…”; “até deixei de comer bolos e chocolates” – são
exemplos de frases muito comuns ditas por pessoas diagnosticadas com diabetes.

Desde sempre que se associa a diabetes ao “açúcar” e a verdade é que quem tem diabetes tem os níveis de açúcar no sangue elevados – mas será este o “açúcar” que está presente nos doces?

A resposta é: não só. Há muitos alimentos que, quando consumidos, se transformam em “açúcar” para o nosso corpo. Este “açúcar” de que falamos tem o nome de hidratos de carbono, que são vulgarmente associados a massa, arroz, batata ou
pão.

Entenda-se que os hidratos de carbono não estão apenas presentes nestes alimentos, mas também nos vegetais, leguminosas e frutas.

Alimentos estes que não são tão privilegiados na maioria das refeições da população portuguesa, estatisticamente falando.

Podemos distinguir os hidratos de carbono em simples ou complexos – digeridos e absorvidos de forma diferente no nosso organismo, o que condiciona, consequentemente, uma saciedade distinta – já lhe aconteceu ficar com fome pouco tempo depois de comer uma maçã? Este é um exemplo de um alimento que é
maioritariamente constituído por hidratos de carbono simples – simples de digerir e de absorver; enquanto que se fizer uma refeição completa – uma feijoada, por exemplo, poderá ficar saciado durante horas. No caso, os feijões ou o arroz são exemplos de alimentos constituídos por hidratos de carbono complexos – em que a sua constituição é mais rica, são mais difíceis de digerir e absorver, aumentando o tempo sem fome após
o seu consumo.

Portanto, retomando a questão inicial “tenho diabetes… posso comer pão?”, a resposta é sim, mas com moderação. A grande maioria dos pães que vemos expostos nas vitrines das padarias são compostos quase exclusivamente por hidratos de carbono simples – este tal “açúcar” rapidamente absorvido, causando um pico dos seus níveis no sangue (relembro que quem tem diabetes já tem estes níveis permanentemente
elevados).

Simplificando: é de evitar acompanhar com pão as refeições onde já tem no prato arroz/massa/batata e evitar o consumo de pão isoladamente – se o fizer ao lanche da manhã ou da tarde, deve preferir juntá-lo com uma gordura, como o queijo ou a manteiga
em quantidades moderadas, para permitir que a sua absorção seja mais lenta no organismo.

Concluindo, num mundo em que a informação é cada vez mais fácil de obter, surgem muitas ideias díspares entre si. Devemos questionarmo-nos sobre o que estamos a consumir e como podemos tornar a nossa alimentação mais saudável.
Em caso de dúvida não hesite em aconselhar-se com um profissional de saúde, sendo o mais habilitado, o nutricionista ou dietista.

Alexandra Ramos Rodrigues
Médica Interna de Medicina Geral e Familiar
USF João Semana

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